A história mostra-nos o mais largo horizonte da humanidade, oferece-nos os conteúdos tradicionais que fundamentam a nossa vida, indica-nos os critérios para avaliação do presente, liberta-nos da inconsciente ligação à nossa época e ensina-nos a ver o homem nas suas mais elevadas possibilidades e nas suas realizações imperceptíveis.(...)A experiência do presente compreende-se melhor reflectida no espelho da história. Karl Jaspers

sábado, 25 de abril de 2009

A História não é um fluxo contínuo

A História constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo, embora esses não criem o mundo, eles se apropriam e lhe dão todos os significados que têm. O objeto de estudo da História é o passado, deve-se, no entanto ressaltar que passado e História são coisas diferentes, não estão unidos um ao outro de tal modo que se possa ter uma única leitura ótica deste passado, ambos existem livres um do outro, o responsável pela leitura deste passado é o historiador, e dele depende a interpretação deste, cabe lembrar que a interpretação feita não depende somente da visão histórica deste profissional, pois ele sofre durante o ato de reescrita da história pressões do dia a dia; pressões familiares, profissionais, tais como: tempo que lhe é dado para terminar o trabalho, número de páginas em que este trabalho deverá estar contido, orçamento ao qual ele deve estar vinculado e limitado, dentre outros. A história não é um fluxo continuo de eventos, e sim uma escolha descontinua, feita pelo homem, quando se escolhe o mesmo termo para representar tanto a realidade, quanto o conhecimento, que sobre ela se tem. É esta a situação da História, de um lado, representa o histórico e, de outro, o conhecimento acumulado ou a disciplina da história. O estudo da História é sem dúvida onde o passado encontra o presente. As pesquisas feitas pelo historiador através dos métodos escolhidos por ele para avaliar as verdades históricas já propostas por outros s é que irão determinar a transformação deste passado, também dependendo neste momento da reescrita, sua posição ideológica, política, religiosa, econômica e social. Pressuposto este que determina que a análise deste passado e sua apreensão não devem jamais ser única, pois dependerá sempre da visão de cada historiador. Um clássico exemplo deste ponto de vista na escrita da história vem do período iluminista, em uma mesma época viveram historiadores que deram diferentes interpretações e que tiveram formas de análise diferentes, Montesquieu com sua visão mais filosófica e com sua teoria de que a evolução da história estaria pautada no avanço do conhecimento do homem, contrasta com a visão mais econômica e tecnológica de Adam Smith que baseava a sua visão teórica de evolução da historia de acordo com a evolução dos métodos de progresso econômico e tecnológico do homem. Para cada um destes historiadores a História terá uma interpretação diferente.
Diante dos fatos apresentados conclui-se que apesar da dificuldade em analisar o passado, esta é efetivamente feita por historiadores com diferentes pontos de vista. Deve-se promover uma observação crítica, porém imparcial, pois na escrita da História não existem “alicerces da História”, sendo este um conceito variável, a cada mudança de perspectiva de observação, surgirá uma nova interpretação, de um mesmo fato histórico. A História procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe a mudança.
Celso de Almeida.

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