A história mostra-nos o mais largo horizonte da humanidade, oferece-nos os conteúdos tradicionais que fundamentam a nossa vida, indica-nos os critérios para avaliação do presente, liberta-nos da inconsciente ligação à nossa época e ensina-nos a ver o homem nas suas mais elevadas possibilidades e nas suas realizações imperceptíveis.(...)A experiência do presente compreende-se melhor reflectida no espelho da história. Karl Jaspers

domingo, 30 de março de 2008

ILUMINISMO: ESCOLA ESCOCESA

ILUMINISMO

Os princípios iluministas andam em geral associados a uma crítica racional propícia a investigação científica e tecnológica, a tolerância, ao humanitarismo e aos direitos universais do homem. Os ideais iluministas têm antecedentes antigos, quando os gregos se consideravam superiores aos bárbaros, partiam da noção de que sua cultura radicava numa valorização da razão e da tradição intelectual que escapavam a outros povos. A valorização da razão é sua principal característica, utilizada como instrumento de análise, reflexão sobre a sociedade na qual viviam. Os iluministas influenciaram na formação da opinião pública e também foram influenciados por ela. A historiografia Iluminista busca também, mostrar a História como produto da ação humana, outro fator inato ao movimento é o ceticismo, que duvida do que é estabelecido como “verdade absoluta” sem antes criticá-la. É preciso ir além dos conhecimentos pertinentes as ciências sociais é preciso vislumbrar outras áreas do saber, para os iluministas só através da razão o homem poderia alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razão era, portanto, o único guia da sabedoria capaz de esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreensão e o domínio da natureza. As tendências que marcaram o Iluminismo foram: a valorização do culto da razão e predominância da ciência; crença no aperfeiçoamento do homem e a liberdade política, econômica e religiosa. Os iluministas eram deístas, isto é, acreditavam que Deus está presente na natureza, portanto no próprio homem, que pode descobri-lo através da razão. Para encontrar Deus, bastaria levar vida piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensável. Os iluministas criticavam-na por sua intolerância, ambição política e inutilidade das ordens monásticas. A história contada como progresso da razão humana, seria esta a base historiográfica mais determinante da teoria iluminista.

A ESCOLA ESCOCESA

A primeira referência ao modelo de história baseada no desenvolvimento econômico surge em alguns textos de Discursos de Hume, A primeira fase da história foi à caça e pesca, em seguida cresceram desigualmente a agricultura e as manufaturas: uma economia de base agrária, limitada ao intercâmbio entre os excedentes camponeses e os produtos das manufaturas locais. O desenvolvimento do mercado é o principal fator de desenvolvimento econômico. Passa-se a entender que a divisão entre a barbárie e a civilização é condicionada pelo processo de divisão do trabalho e a propriedade privada, e as instituições de governo aparecem relacionadas com os estágios de crescimento econômico. A historia baseada em quatro estágios da evolução humana: Caça e pesca, pecuária, agricultura e comércio, e aos diferentes estágios correspondem diferentes formas de organização social e diferentes instituições sobre a propriedade e a forma de governo, sistema legal e divisão do trabalho. Partindo-se da concepção que vê o curso da história como a ascensão da barbárie ao capitalismo, estabelece-se neste período um programa para o pleno desenvolvimento deste, no contexto do liberalismo econômico, com um sistema político que garantisse o respeito pela propriedade privada, com a promessa explícita de progresso para todos.
A Escócia tinha-se tornado a primeira nação européia alfabetizada. Isso significava que estava criada uma audiência não apenas para a bíblia mas para outros livros também. À medida que no século XVIII a censura afrouxava, verificou-se uma autêntica explosão de produção literária. Mesmo as pessoas de posses mais modestas tinham agora a sua própria coleção de livros. Aqueles que não os podiam comprar tinham agora a possibilidade de os emprestar nas bibliotecas públicas escocesas, que por volta de 1750 existiam em virtualmente todas as cidades, de qualquer tamanho.
Diante de todos os fatores que norteavam a teoria da história na visão dos pensadores da escola francesa, buscava-se legitimar a ascensão da burguesia o direito a propriedade, e que esta sociedade era o ápice da evolução humana, e que este progresso alcançado era um processo irreversível na evolução da humanidade, progresso alcançado pela evolução econômica e tecnológica.

A VISÃO CONTEMPORÂNEA

Analisando-se as formas de teoria da história tanto do iluminismo quanto da escola escocesa poderemos observar diversos pontos em comum com a visão histórica atual, onde ainda continuamos a estudar a história com a finalidade de analisar o passado para compreender o presente e preparar o futuro.
Deste período podemos destacar como visão historiográfica ainda atual vários fatores, tais como: Padrões de comportamento político, econômico, cultural, social e científico. O “Estado Nação”, a “imprensa”, a “economia de mercado”, a “ciência moderna”, a “democracia representativa”, a “cultura secular”, o “expansionismo econômico”, o “equilíbrio entre os três poderes”, a “razão histórica”, o “progresso”, o “contrato social”, a “superação do pensamento tradicional”, o “direito à propriedade privada”, a “busca do conhecimento como forma de evolução”, o “avanço tecnológico e econômico com etapa de evolução da história”.
Como se vê, a nossa época, a sociedade em que vivemos, continuam sendo influenciadas pelos ideais e conceitos iluministas: o sentido social do pertencimento, a identidade cultural que partilhamos com os demais membros da comunidade, ainda são influências da nacionalidade que nos abriga. A influência do iluminismo sobre o mundo contemporâneo pode ser encontrada nos vários aspectos de nossas formas de encarar a história. Sociedades democráticas, parlamentos, estado de direito, economia de mercado, avanço tecnológico, igualdade, reciprocidade de direitos e deveres perante as leis, liberdade para empreender e gerir negócios, racionalização da visão de mundo, concepção mecanicista e materialista.
Tais elementos formam um complexo de idéias que foram dominantes no período da ilustração e que ainda hoje norteiam nossa visão da história.

Por: Celso de Almeida.

*Foto: Adam Smith

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